sexta-feira, 29 de abril de 2011

Tédio...

Eu não sabia ver que aquilo era amor delicado. E me parecia o tédio. Era na verdade o tédio. Era uma procura de alguém para brincar, o desejo de aprofundar o ar, de entrar em contato mais profundo com o ar [...]
A paixão segundo G.H. - Clarice Lispector



 O que eu vejo e sinto hoje não é amor, é tédio. Eu não espero o amor surgir espontaneamente a partir na convivência, da espontaneidade, do tempo passado, da necessidade crescente de ter aquela pessoa (e não outra) ao meu lado, a cada dia mais. Não, eu procuro o amor, eu forço o amor, eu estupro a minha capacidade de amar para não ficar entediada. Porque eu não suporto o tédio, mais vale um amor criado pelo meu psicológico que ficar entediada.

Amor, paixão, simpatia, desejo, pegação - e tédio. Eu sinto simpatia e desejo, só desejo, só simpatia, e isso não é tédio. Mas o meu desespero em transformar paixão, simpatia, desejo e pegação em amor é puro medo do tédio. Mas o amor não precisa ter paixão, desejo e pegação, porque amizade é um tipo de amor. E desejo e pegação não precisam ter amor. But my fucking brain and my fucking heart keep forcing me... Mas eu não quero mais fazer isso, mesmo que faça inconscientemente.

Foda-se a música do Frejat. Eu NÃO VOU procurar um amor que seja bom pra mim, eu não vou procurar, eu não vou até o fim. Foda-se. Detesto admitir, mas estou muito mais pra Cláudia Leitte agora e eu quero mais é beijar na boca.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Um passo

Minha maior aproximação possível para a distância de um passo. O que me impede esse passo à frente de ser dado? É irradiação opaca, simultaneamente coisa e de mim. Por semelhança, nós nos repelimos; por semelhança não entramos um no outro. E se o passo fosse dado?

(Clarice Lispector - "A paixão segundo G.H.")

segunda-feira, 25 de abril de 2011

What a feeling...

1st week
I don’t know, but I think I may be falling for you
I’m dropping so quickly!  Maybe I should keep this to myself and wait until I know you better… I am trying not to tell you, but I want to! So I’m hiding what I’m feeling, but I’m tired of holding this inside my head.
I don’t know what to do, I think I’m falling for you…

2nd week
So she said “what’s the problem, baby?” What’s the problem? I don’t know, well, maybe I’m in love… I can’t stop think about it!
I’m a snow ball running down into the spring… And I’m so clumsy ‘cause I’m falling in love…
When you’re around I don’t know what to do… I do not think that I could wait to go over and to talk to you… I do not know what I should say. And I walk out in silence, it’s when I start to realize what you bring to my life… Damn! This girl can make me smile
I wanted you to know that I love the way you laugh… And I wanted you to know that I wanna hold your hand.
Every moment I spend with you is a moment I treasure! You make it feel good when it hurts so bad, I’m so glad I found you, and I love being around you…
Sunshine and lollipops and rainbows, everything that’s wonderful is what I feel when we’re together! The more I think about the more I want to let you know that everything you do is super fucking cute
I’ve been searching for a girl that’s just like you, ‘cause I know your heart is true.

3rd week

There’s been times I’m so confused… But all my roads will lead to you. I just can’t turn and walk away!
Close your eyes and gimme your hand, darling. Do you feel my heart beating? Do you feel the same? Am I only dreaming?
Close your eyes and I’ll kiss you. And remember I’ll always be true. I’ll treat you right, If you just gimme a chance I can prove I’m right…

I wanna be... Shane McCutcheon

No momento, se eu pudesse me transformar em qualquer pessoa no mundo, eu me transformaria na Shane. Não apenas pela sua beleza, gostosura, atratividade e pelo seu cabelo extremamente estiloso e divino, mas por sua personalidade blasé.

Sua filosofia de vida “I don’t do relationships” me seria extremamente útil. Sério. Eu não suporto sofrer por questões de relacionamento. Não é nem questão de não gostar, é não conseguir aguentar, não suportar mesmo. Logo, parece que, além de suicida, eu também sou masoquista... Porque eu amo estar apaixonada, mas não consigo aguentar as dores provenientes disso. Eu queria conseguir ser como a Shane, ser uma mega conquistadora, simplesmente não gostar de ninguém e ficar bem assim. Ter 1000 garotas aos meus pés só ao falar “Heeey” (porque o “Heeey” da Shane é tãããão sexy...), estar com todas e não estar com nenhuma. Diversão sem sofrimento, e se eu precisasse contar com alguém, bem, minhas amigas tão aí pra isso!


Mas eu não consigo ser essa gostosa heartbreaker que consegue sair intacta de todas as relações. Não, eu sou a que se machuca por nada e o tempo todo, eu sou a que se apaixona num piscar de olhos (e para desapaixonar é tão difícil...), eu sou a que confunde as coisas o tempo todo, eu sou a que não vai conseguir ser a gostosa heartbreaker nem se minha vida depender disso. Em resumo: eu estou mais pras peguetes da Shane do que pra ela mesma. Eu queria poder ser a atraente que não liga pro que os outros estão sentindo, mas sou só a fofinha que quer saber se os outros estão bem. E, fala sério, quem quer namorar uma pessoa fofinha? Só meninas héteros...
Eu não podia estar mais longe de ser uma Shane. Eu sou muito mais uma Alice ou uma Dana, mas elas não são o tipo que as pessoas gostariam de namorar... Elas são ótimas como amigas, mas pra um relacionamento amoroso... #NOT. Se eu realmente for como a Dana, ainda tenho chances de encontrar um Mr. Piddles pra mim :)

Chocolat and cigarrettes

Precisava desesperadamente de um cigarro.


Não fumava e nunca fumara antes. Mas, inexplicavelmente, precisava de um cigarro para se acalmar. Além disso, com uma minissaia, uma blusa decotada e um RayBan Wayferer de aro branco, um cigarro entre seus dedos era tudo que faltava para completar seu visual de “junkie-perdida-na-vida”. Não era o que ela queria que estivesse entre os seus dedos, mas era o que ela podia colocar naquele momento. Mas aí ela lembrou que detestava o cheiro que a nicotina deixava em quem fumava e, por hora, desistiu de fumar. Ao invés disso, tirou um pedaço de chocolate da bolsa e tentou colocar tudo o que sentia naquele quadradinho doce. Ela queria poder engolir seus sentimentos e confusões, para que tudo pudesse sair de seu corpo depois.
O chocolate não a acalmara, mas ela sabia que fumar também não adiantaria. Era só um modo implícito e quase inconsciente de se matar – e o chocolate poderia matá-la com muito mais rapidez, de um modo muito mais agradável e, o melhor, sem levantar suspeitas. Fala sério, e ainda era Páscoa!! Quem vai imaginar que uma menina comendo um inofensivo chocolate está tentando se matar?

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Eu QUEROOO!!!





 




Nem sou, mas ia ficar me sentindo se usasse um avental desse...


Ahn, acho que não deixa de ser verdade no meu caso...





terça-feira, 19 de abril de 2011

Lua de Cristal

Ontem eu tive mais um surtinho básico e, para o meu total espanto, o que me deixou MUITO melhor foi cantar... Ai que vergonha... "Lua de Cristal". Sim, podem rir, eu deixo. Obviamente, o que me deixou bem não foi lembrar da magnífica voz de nossa rainha Xuxa, mas sim a letra. Então, eis aí o que conseguiu me trazer de volta à sanidade :)

Tudo pode ser
Se quiser será
O sonho sempre vem
Pra quem sonhar
Tudo pode ser
Só basta acreditar
Tudo que tiver que ser, será

Tudo o que eu fizer
Eu vou tentar melhor do que já fiz
Esteja o meu destino onde estiver
Eu vou buscar a sorte e ser feliz
Tudo o que eu quiser o cara lá de cima vai me dar
Me dar toda coragem que puder
E não me faltem forças pra lutar

Vamos com você
Nós somos invencíveis pode crer
Todos somos um
E juntos não existe mal nenhum

Vamos com você
Nós somos invencíveis pode crer
O sonho está no ar
O amor me faz cantar

Lua de cristal que me faz sonhar
Faz de mim estrela que eu já sei brilhar
Lua de cristal, nova de paixão
Faz da minha vida cheia de emoção

Ps: eu TINHA QUE colocar essa foto abaixo... A ideia da Xuxa fazendo par romântico com o Sérgio Malandro é MUITO hilária rs.


Are you gonna be my girl?

... E, de novo, eu não quero esperar. Não é questão de não conseguir esperar, é de não querer mesmo. Eu já nem sei, pra falar a verdade, o que é o querer e o que é a necessidade. Não acho - ou talvez não queira achar - que seja necessidade. É só... um querer muito grande. Não um querer não querer esperar. Um querer você.

Talvez o melhor seja esperar. Mas talvez não seja. Eu achava que o melhor fosse me manter em Nárnia forever, mas talvez isso que aconteceu tenha sido melhor. Nunca saberemos se a ação X será melhor que a ação Y. Se formos por X e não der certo e se não der para irmos por Y... podemos pensar que simplesmente não era pra ser, independentemente do caminho tomado. Mas e se for pra dar certo?

No que depender de mim, eu vou fazer o possível para dar certo. E eu sei que as coisas estão complicadas, mas apesar de e principalmente por isso que eu quero ficar sério com você. Quando eu seguro a sua mão e olho pra você eu sinto que tudo vai ficar bem, e isso me dá forças para continuar.

São só três palavras (que ainda não são "Eu te amo"), mas elas simplesmente não saem. Talvez eu tenha que esperar até ter coragem suficiente para conseguir fazer com que elas saiam. Eu não quero apressar nada porque não quero estragar nada, mas ao mesmo tempo eu quero apressar tudo pra poder ficar logo com você. E, no meio de toda essa confusão, eu não sei como agir com você...

I wanna hold your hand...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Alice Underground

Trippin' out, spinning around
I'm underground, I fell down
Yeah I fell down

I'm freakin' out
So where am I now?
Upside down
And I can't stop it now
It can't stop me now

I - I'll get by
I - I'll survive
When the world's crashing down
When I fall and hit the ground
I will turn myself around
Don't you try to stop me
I - I won't cry

I'll play the game
But I can't stay
I've got my head on straight
And I'm not gonna change
I'm not gonna change

I'll win the race
Keep up with the pace
Today is the day
That I start to pray
You can't get in my way, no

I - I'll get by
I - I'll survive
When the world's crashing down
When I fall and hit the ground
I will turn myself around
Don't you try to stop me
I - I won't cry

I found myself in Wonderland
Get back on my feet again
Is this real? Is this pretend?
I'll take a stand until the end

I - I'll get by
I - I'll survive
When the world's crashing down
When I fall and hit the ground
I will turn myself around
Don't you try to stop me
I - And I won't cry

Das Unheimlich

O estranho é interpretado de forma diferente de como eu interpreto. Uso num sentido não reduzido apenas ao que é diferente, mas no que é externo, estrangeiro. Aquelas experiências epifânicas onde o estranho me dá uma bofetada e eu desperto para o “descobrimento súbito da grande verdade” (nas palavras de “Os Simpsons – O Filme”). Mas, como já diz Nietzsche, não existem fatos – ou a verdade -, apenas interpretações.
Não quero ser como Ana, do conto “Amor”. Não quero ser como Ulisses. Não quero ser uma mistura dos dois e não quero viajar o mundo inteiro, experimentando de tudo, sentindo tudo e depois voltar pra casa, apagar a vela e apagar a lembrança de tudo o que passei. Eu não quero esquecer. Eu não quero parar de ter epifanias. Minhas epifanias mostram uma certa evolução, um certo aprendizado – mesmo que esse aprendizado anule tudo o que eu tinha por verdade até então.
Meus surtos não são minhas epifanias. Meus surtos acho que são até o oposto. Porque, na grande parte das vezes eu simplesmente não sei por que eu surto. A epifania pode sim trazer um mal estar, porque, afinal, a verdade, mesmo que as nossas verdades (provavelmente as únicas que existem) nem sempre nos são agradáveis. Mas HÁ um aprendizado e isso é indiscutível. O surto é só o mal estar, sem o aprendizado. Eu não ligo pro mal estar se tirar proveito disso. O que não suporto é o mal estar pelo mal estar, o mal estar puro e só.
Eu não quero sair intacta de tudo. E eu, depois de ter uma epifania, simplesmente NÃO POSSO voltar a ser eu mesma. Se eu mergulhar num rio, eu não sairei eu mesma e o rio também não será o mesmo. Eu me mudo O TEMPO INTEIRO, literalmente. Revoluções internas acontecem a todo momento e eu não sou nunca a mesma pessoa – e, no entanto, nunca deixo de ser eu. E, como é óbvio, simplesmente não se pode querer voltar a uma situação depois que ela foi revolucionada – ou ela não volta a ser o que era ou não se deu uma revolução.
Dentro de uma perspectiva clariceana, eu NÃO QUERO parar de me defrontar com o estranho. Eu NÃO QUEO ter a banalidade da vida cotidiana dos personagens de Clarice. Ou, se tiver a vida medíocre, que não me faltem epifanias. Eu não quero a banalidade cotidiana, o que não quer dizer que eu não queira o cotidiano. E meu cotidiano não é banal. Tudo me incita, me provoca, me inspira. Meu ônibus, uma conversa ou frase aleatória escutada por acaso, as pessoas, o que eu ouço, o que eu vejo, tudo me faz refletir. Eu transformo o que seria a banalidade do cotidiano nas epifanias.
Clarice vai trabalhar o conceito de “estranho de nós mesmos”. Eu me mudo o tempo todo, e eu tenho várias facetas. Impossível eu conhecer todas, e mais, impossível que os outros conheçam todas. Somos um conjunto de facetas e, tal como uma cebola, não temos um estrito caroço ao qual possamos dizer: ISSO sou eu. Somos camadas – e se tirarmos elas, não sobra nada. E não é questão de ser falso com uma pessoa ou outra. Mas você NUNCA será a mesma pessoa em dois ambientes diferentes com pessoas diferentes.
Há também um conceito “anti-positivista” que eu concordo que seria a ideia de que sem ordem é que há progresso. Como progredir na inércia? É no embate que se evolui. É com a dúvida que aprendemos. É com a desordem mental que progredimos.
Tentamos colocar a vida nos eixos. Tentamos ser Anas. Tentamos deixar a vida organizada, limpa e nos ocupamos disso. Essa vida é robótica, é o cotidiano banal que é quebrado pelo mal estar que Ana sente. Ana vê que a vida está na putrefação do Jardim Botânico, não na ordem da sua casa. A vida está na desordem, no fétido, na morte.
Vivemos na ditadura da identidade fechada. Ora, nossa identidade não pode ser fechada, porque SEMPRE seremos sujeitos em construção. Personalidade formada é uma coisa, nós formados é outra. Talvez as “pessoas-personagens-de-Clarice” consigam, mas quem se permite sair da inércia nunca estará permanentemente formado.
Essa ditadura nos diz que PRECISAMOS saber quem nós somos e que só podemos ser UMA coisa e, principalmente, que não podemos ser paradoxais. Somos seres dicotômicos por natureza, mas não nos permitimos isso. Nós não somos o lugar dos isso OU do aquilo; somos o lugar do isso E do aquilo.
Apesar das constantes reclamações de que vivemos num mundo individualista, estamos vivendo o apagamento da subjetividade. E me parece que a normalidade no sentido mais usado do termo pode ser interpretada como um tipo de apagamento da subjetividade. Não vou apagar minha subjetividade para me transformar numa personagem de Clarice. Viver sua subjetividade não quer dizer, de forma alguma, viver em detrimento da coletividade. Só quer dizer, pelo menos ao meu ver, não deixar de ser quem você é, ou não deixar de lado alguma de suas facetas, apenas para se encaixar no padrão.
Clarice perturba muito mais que alivia. Mas como diz a propaganda, o que move o mundo são as perguntas, não as respostas.